quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Brasil quer aproveitar experiência das instalações espaciais chinesas em Taiyuan

O ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, revelou em Pequim que, até ao final do ano, vai alavancar a reconstrução do centro espacial de Alcântara, no Maranhão, que poderá seguir o modelo das instalações chinesas.

"Devemos reconstruir a torre de lançamento de Alcântara e fazer o centro espacial como o que existe em Taiyuan", disse o ministro Sérgio Rezende a semana passada na capital chinesa.

A reconstrução do centro espacial de Alcântara, destruído num acidente, deverá custar entre 150 e 300 milhões de dólares.

A China e o Brasil lançaram em setembro o terceiro satélite produzido em conjunto, o CBERS-2B, transportado pelo foguete chinês Longa Marcha 4B, na base de lançamento de Taiyuan, capital da província chinesa de Shanxi, a 750 quilometros de Pequim.

O satélite CBERS-2B é o terceiro da série do projecto de sensoriamento remoto no âmbito do Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite, na sigla em inglês, ou seja, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres).

O complexo chinês conta com centros de controle com tecnologia de ponta, além de alojamentos e demais serviços que permitem aos seus técnicos ter quase o mesmo conforto das cidades que deixaram.

"Alcântara não tem nada disso, que é necessário para ter um programa espacial completo", considerou Rezende.

Por haver muitos técnicos brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) na base chinesa de Taiyuan, o Brasil já teria um certo conhecimento acumulado para construir um complexo segundo o modelo chinês.

"A nossa proposta é que o Brasil e a China façam a instalação (de uma estação de sensoriamento remoto em algum país da África) e que ensinem os técnicos africanos a captarem as imagens", disse também o ministro brasileiro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende.

Numa primeira fase a China e o Brasil vão apresentar os serviços do programa espacial de forma gratuita, dadas as parcerias que brasileiros e chineses mantêm com muitos países da África.

Com uma vida útil estimada em dois anos, o satélite CBERS-2B substitui o CBERS-2, que não resistiria até o lançamento do próximo modelo, o CBERS-3, previsto para 2009.

A parceria sino-brasileira firmada em 1988 ainda prevê o lançamento do CBERS-4, em 2012.

(Disponível em: www.macauhub.com.mo/pt)

domingo, 7 de outubro de 2007

Planejamento urbano: a significante importância do aporte tecnológico e da participação social

Foi só a partir da Constituição de 1988 que a questão urbana passou a tomar forma legal definida; até então este tema estava envolto por controvérsias de várias ordens, especialmente quanto à competência dos municípios para agir em matérias urbanísticas e ambientais. A nova Constituição veio assegurar uma maior autonomia aos municípios, assim como maior liberdade para a gestão local.

Passadas quase duas décadas, se verifica no Brasil um alto índice de urbanização e, em grande parte, uma urbanização desordenada. Em 2001, a Lei nº 10.257, conhecida como Estatuto da Cidade, surgiu como um marco na questão urbana, pois veio complementar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, introduzindo políticas de democratização e de ordenamento na ocupação do solo urbano. Esta Lei veio assegurar maior autonomia aos municípios, que passaram a ter mais liberdade para a gestão local, e esclarecer outros pontos antes não abordados ou controversos passando, a partir de então, a existir um novo direito coletivo: o direito ao planejamento urbano.

No entanto, o grande desafio tem sido a sua implementação. A efetivação da legislação no Brasil é um grande problema devido a uma série de fatores que vão desde a questão cultural até a falta de recursos, sejam eles técnicos, financeiros ou humanos. Sabe-se que, mesmo sendo uma exigência legal, o índice de implementação desses instrumentos é baixíssimo. É também reconhecido por muitos que só se implementa o que interessa aos grupos mais influentes e organizados no município. Em relação ao Plano Diretor, os conflitos são freqüentes. Isto, por outro lado, não deve ser um empecilho para o processo de sua elaboração e principalmente para a implementação.

Desta forma, uma das alternativas para a gestão urbana tem sido a tentativa de articular os processos de elaboração dos Planos Diretores com a implantação da Agenda 21 Local, e a efetivação da Lei 10.257 e seus importantes instrumentos.

Geoprocessamento e CTM

Dentro desse processo se destacam dois pontos fundamentais. O primeiro é a questão da participação da sociedade civil em todas as etapas do planejamento municipal, formando articulações e redes para o desenvolvimento local e dando legitimidade aos processos. O segundo ponto diz respeito aos avanços tecnológicos e à importante contribuição de instrumentos como o geoprocessamento, o Cadastro Técnico Multifinalitário (CTM), entre outros. O geoprocessamenteo é um instrumento moderno e eficiente, e sem ele as tarefas de estudos e pesquisas destinadas ao planejamento são, em geral, morosas, dispendiosas e marcadas pelo improviso. Já o CTM tem o potencial de gerar as informações importantes para o diagnóstico do ambiente em estudo, otimizando o levantamento de informações.

A utilização desses instrumentos tem possibilitado um trabalho mais rápido e eficiente, fornecendo informações precisas e contribuindo para um melhor planejamento e implementação da legislação.

Assim, mesmo reconhecendo os diversos problemas para a efetivação do direito urbanístico, fica evidente que só com a implementação dessas ferramentas é que será possível a evolução, corrigindo-se os erros e testando-se novas práticas.

Edson Telê Campos
Doutorando em desenvolvimento regional e urbano Geografia, UFSC
tele.c@brturbo.com.br

Daniel Trento do NascimentoDoutorando em desenvolvimento sustentável, UNB
danieltn@gmail.com

(Disponível em: www.mundogeo.com.br)

domingo, 30 de setembro de 2007

A opinião pública e suas esquisitices

Onde está a explicação da popularidade do governo? Em que sentido muito genérico se pode dizer que é a política econômica que a ancora? O quê da política econômica? Se não é o modo como o governo age em relação à inflação, ao emprego, à renda, se não é a política tributária e a de juros?

Os resultados da mais recente pesquisa do Ibope, realizada para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada na semana passada, devem ter deixado o Planalto muito satisfeito. São, de fato, animadores para o governo, porque mostram que tudo continua como antes, ou seja, com elevada popularidade para o presidente. Quando as coisas vão bem, boa notícia é não haver notícias.

É o enésimo momento em que Lula ultrapassa olimpicamente o que poderia ser uma dificuldade. Não que a de agora fosse mais grave que outras, pois a crise aérea do início do ano e o acidente com o avião da TAM tinham maior potencial de desgaste. Afinal, o assunto Renan sempre esteve dentro do Senado e do Congresso, prejudicando uma imagem que era já ruim. Ainda que o governo não houvesse feito o que parte da opinião pública esperava dele, se desvencilhando de maneira mais clara do indigitado, não se supunha mesmo que o prejuízo viesse a ser grande.

Assim, pelo menos no que se refere ao presidente, o affair Renan passou em branco, sem respingar, de maneira visível, nos números da popularidade. Se afetou outros personagens, só saberemos mais tarde.

Esse novo exemplo da invulnerabilidade de Lula provocou, como já havia ocorrido antes, mais uma rodada de explicações "econômicas" de um resultado de pesquisa. Seguindo a linha "a economia garante a popularidade de Lula", a maioria dos observadores julgou que o levantamento pouco tinha de realmente interessante.

Essa talvez seja uma leitura precipitada. Algo bem curioso está nos resultados divulgados, exatamente nos que tratam das percepções e sentimentos sobre a economia.

Vistos em conjunto, mostram que a grande maioria da população está descontente com as principais medidas da política econômica e com expectativas muito negativas sobre o futuro de nossa economia. Com resultados como esses, se poderia, até, justificar o oposto, um governo em crise de popularidade.

Senão, vejamos. Todas as ações do governo na economia obtiveram níveis de aprovação aquém de 50% e algumas atingiram índices muito baixos: a política de combate ao desemprego foi reprovada por 53% dos entrevistados, a política de juros por 59% e a de combate à inflação só foi aprovada por 44%. O recorde negativo está na política tributária, com 67% dos entrevistados dizendo reprová-la.

Coerentes com isso, 85% disseram que os impostos são altos demais para a qualidade dos serviços públicos existentes e não mais que 17% consideraram que a CPMF devia ser renovada. Ou seja, a principal batalha do governo no Congresso, este ano (em nome da qual se aceitou de tudo), terá um resultado desaprovado por 83% da população.

Olhando para frente, os brasileiros vêem nuvens negras. Na inflação, 52% esperam aumento e 15% redução, restando 28% que imaginam que vai ficar como está, o que pode não ser um número tão desfavorável, pois ela está mesmo baixa. Mas, no desemprego, uma das maiores preocupações do país, o quadro é péssimo: 52% acham que vai piorar e 19% que "não vai mudar", isto é, vai continuar a ser ruim.

Para completar, nas expectativas a respeito da renda, as pessoas se mostram pessimistas: apenas 31% dos ouvidos esperam que ela aumente, contra 26% que diminua e 38% que não mude, ou seja, que permaneça baixa.

Onde, então, está a explicação da popularidade do governo? Em que sentido muito genérico se pode dizer que é a política econômica que a ancora? O quê da política econômica? Se não é o modo como o governo age em relação à inflação, ao emprego, à renda, se não é a política tributária e a de juros?

Será que é só a Bolsa Família? Ou será que é ela e mais uma economia que funciona, aos olhos da população, independente da política econômica?

Marcos Coimbra, Sociólogo e Presidente do Instituto Vox Populi

Cbers-2B é lançado com sucesso da base chinesa de Taiyuan

Satélite entrou em órbita 12 minutos após o lançamento.

Exatamente às 00h26min da quarta-feira 19 de setembro, foi lançado com sucesso o Cbers-2B, terceiro satélite da parceria entre Brasil e China.


O evento foi comemorado tanto no Centro de Controle de Satélites do Inpe, em São José dos Campos, como no Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan, na China.

O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, assistiu ao lançamento na base chinesa e, junto com os engenheiros Ricardo Cartaxo e Jânio Kono, respectivamente coordenador geral e coordenador do Segmento Espacial do Programa Cbers, transmitiu todas as informações aos técnicos e convidados que acompanharam o evento da sede do Instituto.

Etapas do lançamento

O foguete Longa Marcha 4B cumpriu perfeitamente todas as etapas previstas para colocação do satélite em órbita. O tempo total de vôo até a injeção do Cbers em órbita foi de 12,5 minutos.

Lançado com seus transmissores ligados, o Cbers-2B, permitiu assim que a estação de rastreio de Nanning, na China, mantivesse contato com o satélite desde antes de sua separação do último estágio do veículo lançador, até aproximadamente um minuto e meio após a abertura dos painéis solares, que aconteceu cerca de 14 minutos após o lançamento.

Cooperação internacional

O Programa Cbers é um exemplo bem-sucedido de cooperação Sul-Sul em matéria de alta tecnologia e é um dos pilares da parceria estratégica entre o Brasil e a China. O Cbers é hoje um dos principais programas de sensoriamento remoto em todo o mundo, ao lado do norte-americano Landsat, do francês Spot e do indiano ResourceSat.

Brasil e a China distribuem gratuitamente imagens Cbers para países vizinhos, promovendo assim atividades de capacitação técnica para sua utilização. A partir de 2008, as imagens Cbers devem ser distribuídas também para países da América Central, do Caribe, da África e do sudeste asiático, mediante a entrada em operação de outras estações de recepção de dados.

Disponível em: www.mundogeo.com.br)

Boeing coloca em órbita o mais novo satélite da DigitalGlobe

Primeiras imagens calibradas devem estar disponíveis até o final do ano.

Na terça-feira 18 de setembro, além do Cbers-2B, que foi montado, integrado e testado na sede do INPE, em São José dos Campos, também foi lançado com sucesso o mais novo satélite da DigitalGlobe, o WorldView-1.
O WorldView-1 é o primeiro de um par de satélites da nova geração de sensores orbitais da DigitalGlobe. É o mais novo satélite da empresa e possuirá 50 centímetros de resolução espacial, revisita de um a três dias e capacidade de geração de pares estereoscópicos. Com este lançamento, a empresa será capaz de coletar mais de 600 mil quilômetros quadrados de imagens por dia. Atualmente a empresa consegue recolher esse volume durante uma semana.
O satélite saiu da base aérea de Vandenberg, na California, a bordo de um foguete Delta II, e após aproximadamente 73 minutos foi colocado em órbita. A empresa responsável pelo lançamento foi a Boeing.
A comunicação com o satélite já foi estabelecida e foi dado início à calibração dos instrumentos. A expectativa é coletar as primeiras imagens calibradas entre novembro e dezembro deste ano.
WorldView-2
Segundo previsões da DigitalGlobe, o segundo satélite WorldView será enviado ao espaço até o final de 2008, o que possibilitará à empresa coletar um milhão de quilômetros quadrados de imagens de alta resolução por dia.

Veja o lançamento em
www.digitalglobe.com/images/wv-1_gallery e www.boeing.com/defense-space/space/bls/missions/worldview-1.
(Disponível em: www.mundogeo.com.br)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Micro-satélites devem revolucionar o mercado de navegação

Agências espaciais americana e européia trabalham no desenvolvimento de micro-satélites.

Empresas privadas, universidades e agências de pesquisa espacial, como Nasa e Esa, estão engajadas no desenvolvimento de uma nova geração de espaçonaves, os micro-satélites.
Com peso menor que cem quilos, os micro-satélites podem enviar sinais de navegação, previsões do tempo e dados sobre observação da Terra, com a vantagem de serem mais rápidos de contruir e muito mais baratos.
Um micro-satélite típico pode custar aproximadamente 10 milhões de euros, o que é pouco se comparado às centenas de milhões de dólares que custa um satélite tradicional.
Há atualmente em torno de 800 micro-satélites em órbina, com objetivos científicos, comerciais e militares.
(Disponível em: www.mundogeo.com.br)

Contagem regressiva para o lançamento do satélite Cbers-2B

Lançamento será acompanhado em tempo real no Inpe.

Às 23 horas de terça-feira, 18 de setembro, técnicos e convidados poderão acompanhar o lançamento do Cbers-2B diretamente no Centro de Controle e Rastreio de Satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos.


O satélite será colocado em órbita por um foguete Longa Marcha 4B, a partir do Centro de Lançamentos de Satélites Taiyuan, na China.

Todas as etapas do lançamento do satélite sino-brasileiro serão informadas diretamente da China, por meio de teleconferência, pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara, e pelo coordenador do programa Cbers, Ricardo Cartaxo.

Primeira passagem sobre o Brasil

Na quarta-feira, às 10 horas, será registrada a primeira passagem do satélite pelo território brasileiro. Este evento também será acompanhado do Centro de Controle e Rastreio de Satélites do Inpe.

Programa Cbers

O Cbers-2B é o terceiro satélite de uma parceria com a China que se tornou imprescindível para o Brasil. O satélite possui três câmeras imageadores a bordo: CCD, WFI e HRC, esta uma pancromática de alta resolução (2,5 m).

Esta diversidade de câmeras atende a múltiplas necessidades: do planejamento urbano, que requer alta resolução espacial, a aplicações que precisam de dados freqüentes mas não tão detalhados, como a agricultura ou desmatamentos.

O Cbers-2B garantirá que o fornecimento de imagens iniciado em 1999 com o Cbers-1 não seja interrompido. A vida útil projetada dos satélites Cbers 1, 2 e 2B é de dois anos e a dos satélites Cbers 3 e 4 é de 3 anos.

O Cbers-1 operou com sucesso até agosto de 2003, além de sua vida útil, êxito que está se repetindo com o Cbers-2. O lançamento do Cbers-3 está previsto para 2009, e o do Cbers-4, para 2011.

+Informações www.cbers.inpe.br

(Disponível em: www.mundogeo.com.br)

O elogio do indecoro

Ao absolver o indecoroso Renan Calheiros, o Senado Federal, com aterradora coerência, desonra o Brasil e nos cobre de vergonha e constrangimento. Foi mais uma amostra insofismável do desapreço, da indiferença, de parlamentares corporativistas e hipócritas pela opinião de quem lhes outorgou o mandato que aviltaram. A atonia da grande decepção provocada por essa indignidade da escória da política nacional nos frustra como o despertar de um sonho e nos prostra como uma bofetada. Enquanto isso, Renan celebra nossa derrota ao lado dos Mercadantes, dos Sarneys e de outros cúmplices.

E sequer podemos anotar os nomes dos canalhas que votaram contra nossa vontade em uma lista de lembretes a ser guardada, caprichosa e sadicamente, junto ao título de eleitor. Votaram em sessão secreta, ou melhor, às escondidas, como conspiradores que almejam o fim do democratismo. Com sofismas odiosos, optaram por esconder suas intenções daqueles que os elegeram para que os representassem e votassem segundo seus anseios.

O processo contra o senador Renan arrastou-se por pouco mais de 120 dias. Num cenário de deboche, inacreditavelmente, foi conduzido pelo próprio Renan que interferiu, com extremo descaro, em todas as etapas.

E a farsa vai continuar. Ele tem mais duas acusações a responder, ambas por quebra de decoro, e talvez ainda uma terceira. Há indícios consistentes de que Renan tenha livrado uma cervejaria de dívidas com o INSS e, em troca, a tal cervejaria comprou à família Calheiros uma empresa de refrigerantes falida. Curiosamente, o relator do processo faz parte da tribo: é o senador João Pedro (PT-AM).

Ainda sem relator nomeado, consta a aquisição por Renan, em sociedade com o usineiro João Lyra, de um jornal e duas emissoras de rádio em Maceió. Renan é acusado de ter usado laranjas na operação.

Uma terceira denúncia ainda não virou processo. O advogado Bruno Lins, afilhado de casamento, sustenta que Renan encabeçou um esquema de arrecadação de dinheiro em ministérios controlados pelo PMDB. Enfim, convenhamos: boa bisca, decididamente, o senador não é.

Apesar de tudo isso, para indignação do povo que representa, o Senado da República entende que Renan Calheiros é um devoto congregado mariano. É a apologia da bandalheira, o elogio do indecoro.

É por essas e outras que a opinião pública tem os políticos patrícios em tão baixa conta. Eles pouco ou nada fazem para merecer alguma respeitabilidade. Pelo contrário, quando imaginamos haverem aprendido alguma coisa, afundam na imundície de novos desatinos, movidos pela ambição, pela falta de escrúpulos ou por simples desdém aos mais elementares preceitos éticos. As diatribes mais ferozes não os demovem das práticas deploráveis que povoam os noticiários. Infelizmente, esse exercício contínuo de desrespeito aos eleitores ocorre com a aparente complacência desses mesmos eleitores, que teimam em reeleger as figuras de sempre, de extensas folhas corridas.

Talvez seja verdadeira a crença de que o brasileiro, embora politizado, tenha memória curta. É possível que, ao percebermos que os nossos representantes não correspondem ao que deles se esperava, lhes procuremos desculpas para as falcatruas, como se nós mesmos as tivéssemos cometido.

Alguém, com rara felicidade, comparou o político à fralda: ambos devem ser trocados constantemente e pelo mesmo motivo. Nossos senadores acabam de nos brindar com uma demonstração cabal de que esse cotejo anônimo tem o respaldo dos fatos. É pois caso para trocá-los como se fossem fraldas sujas. É não reeleger ninguém, exceto aquelas ínfimas exceções que, bem contadas, mal chegam aos dois dígitos. É despedi-los aos magotes e procurar esquecê-los. É incutir sangue novo em Brasília e recomeçar a vida por caminhos honrados. Se errarmos de novo, paciência. Sigamos com a prática até que aprendam a respeitar nosso voto. Com esses que aí estão, já sabemos, o Brasil não vai chegar a lugar algum.

Antonio Sepulveda, escritor

domingo, 9 de setembro de 2007

Qualidade de dados na era do compartilhamento

O que é um mapa? Um mapa é uma abstração da realidade em um determinado momento. É inerente a este processo que aconteçam incertezas variadas que, ao contrário do que se pensa, não são apenas questões embaraçosas das quais temos que nos livrar, mas fatores cujo conhecimento é primordial para avaliação crítica do processo cartográfico e da adequação de uso do produto para determinado fim.

Muitas das normas atuais de qualidade cartográfica (como por exemplo, as Instruções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Nacional – decreto nº 89.817/1984) ainda são datadas da era dos mapas analógicos, e não são necessariamente aplicáveis às transformações tecnológicas atuais. Por exemplo, o conceito clássico de que o dado é apropriado para uso se for adequado à finalidade para o qual foi criado, não faz mais sentido num contexto atual em que informações são compartilhadas por vários usuários e, muitas vezes, são aproveitadas para finalidades bem diversas da necessidade original para que foram criadas. Estas informações geralmente foram capturadas e manipuladas ao longo de vários anos, através de diferentes técnicas, pessoas, softwares e procedimentos, e contêm inconsistências.

A solução para este impasse é que a qualidade dos dados precisa ser aferida e documentada, de modo que o usuário final tenha elementos para decidir se o seu uso é apropriado ou não para determinada situação.

Conceitos gerais

Quando se fala em erro na área de cartografia, é inevitável que nos deparemos com a diferença de definições entre acurácia e precisão. No entanto, por mais que possam parecer conceitos já “batidos”, seu entendimento correto é fundamental para a análise de dados espaciais. Por exemplo, medições de GPS pós-processadas nos fornecem automaticamente informações quanto à precisão, mas não à acurácia. Outro conceito básico é com relação aos erros sistemáticos, que se distribuem uniformemente a todo conjunto de dados, e os erros randômicos, distribuídos aleatoriamente e que têm um tratamento diferente, necessitando de modelagem estatística.

Com relação à origem dos dados, as imprecisões provêm de diversas fontes: precisão do equipamento, no caso da topografia, altitude de vôo e apoio de campo, no caso da fotogrametria, resolução espacial, no caso das imagens de satélite, entre outros. Somam-se ainda as combinações de dados de diversas fontes e escalas, intercâmbios de formatos, transformações raster/vetor, conversões de datum e projeções, generalizações, escanerizações, digitalizações, etc.. Enfim, durante o processo se acumulam e propagam uma infinidade de incertezas. Além dos erros posicionais, ainda existe a inexatidão na classificação dos atributos, muitas vezes causada pela própria distribuição “fuzzy” das classes em campo. Outra consistência difícil de ser obtida é a semântica, isto é, o que representa uma determinada classe (“floresta”, por exemplo) é entendido damesma forma pelo produtor e pelos usuários dos dados?

Toda essa gama de erros pode ser minimizada durante o processo de mapeamento, armazenagem e distribuição de dados, através de procedimentos de controle de qualidade, mas nunca chegará a ser completamente exterminada.

A era digital ainda nos permite uma falsa impressão de acurácia: com zooms sucessivos tem-se a impressão de que o dado pode ser utilizado virtualmente em qualquer escala. A capacidade computacional também faz com que se trabalhe com algarismos significativos muito superiores à realidade. Por exemplo, qual a finalidade de se representar com várias casas decimais coordenadas UTM obtidas através de um GPS de navegação? A informação assim passa uma falsa impressão de dado extremamente preciso.

Processo de qualidade

Estabelecer procedimentos para se avaliar, documentar e garantir a qualidade depende de fatores culturais e organizacionais, exigindo-se treinamento, disciplina, planejamento e trabalho em equipe.

A princípio, uma das ações mais efetivas é trabalhar na prevenção de erros quando possível, evitando os custos do fato dos dados já terem sido usados no momento em que é percebida a necessidade de voltar e corrigir as informações. Princípios de qualidade total, como aplicar ciclos Planejar, Executar, Verificar e Agir (PDCA), podem ser valiosos. Instrumentos simples como referências cruzadas (os dados caíram no município correto? sobre o mar?) e máscara de coordenadas máximas e mínimas ajudam a evitar erros grosseiros.

O ideal é que a responsabilidade sobre a qualidade dos dados seja do criador dos dados, ou então da fonte mais próxima possível do criador. No entanto, é vital que se tenha também este cuidado quem administra ou distribui as informações, e até mesmo que o usuário também seja co-responsável, deixando sempre um canal aberto para feedback e correções, pois também é dele o interesse em manter a qualidade mais alta possível.

Se a organização pensar nos seus dados como um patrimônio de longo prazo, o investimento em qualidade se justifica. Melhora o processo institucional como um todo, viabiliza parcerias, minimiza a duplicação de trabalho, reforça a credibilidade, a transparência e evita o uso incorreto de informações.

Padrões e metadados

Para que as informações de erros sejam eficientemente relatadas e acessadas pelo usuário, há necessidade de que se siga uma metodologia padrão para o entendimento mútuo dos resultados.

Nos Estados Unidos, foi criado o Padrão Nacional de Acurácia de Dados Espaciais (NSSD na sigla em inglês), que estabelece uma metodologia de aferição de erros em dados espaciais. O padrão determina a metodologia para que se faça a conferência de uma série de pontos do conjunto de dados com um outro conjunto independente, com acurácia superior. Os resultados para um grau de confiança de 95% então são descritos em um formulário padrão, posteriormente agregados aos metadados correspondentes.

A ISO TC 211 (www.isotc211.org) é o comitê da International Organization for Standardization (ISO), responsável pela série de padrões ISO relacionados à informação geográfica. No assunto “qualidade de dados”, são três padrões já lançados, além da subdivisão de metadados sobre qualidade de dados no padrão ISO 19115: - 19113 - Princípios da qualidade, incluindo elementos e subelementos a serem avaliados; - 19114 - Procedimentos de avaliação da qualidade, por amostragem, processamento computacional ou por dedução indireta por comparação com dados de nível de qualidade aceitável; - 19138 - Propõe uma série de medidas para os subelementos estabelecidos na ISO 19113.

O OpenGIS mantém um grupo de trabalho especialmente trabalhando no tópico qualidade de dados (www.opengeospatial.org/projects/groups/dqwg) que, entre outras atribuições, procura estabelecer uma certificação de qualidade de dados baseada nas normas ISO existentes. No Brasil, a Concar também tem um comitê especializado no assunto, o Comitê de Classificação de Produtos (www.concar.ibge.gov.br).

Vivendo com a incerteza

Uma vez que a incerteza é inerente aos dados geográficos, como conviver com ela? O pior risco é o da incerteza desconhecida pois, para o usuário sem informações sobre a qualidade de dados, é muito difícil julgar qual informação está correta.

- Uma alternativa é representar, quando possível, o erro graficamente através de círculos ou elipses de erros. Ecótonos ou zonas de transição podem ser representados por buffers, acompanhando as linhas que dividem classes de vegetação, por exemplo;- Em caso de ferramentas de visualização de dados via internet (um WMS, por exemplo), pode-se considerar desligar automaticamente os layers, se o zoom ultrapassar o recomendável para a escala que foi produzido o dado. Sempre é importante também deixar os metadados completos e acessíveis;- Ferramentas de integração de dados online são uma perspectiva para o futuro. O ideal é que essa integração seja feita no cliente. Ou seja, é inviável alterar uma base de dados para que se ajuste à outra, mesmo porque não há dados “certos” quando estamos lidando com múltiplas fontes distribuídas.

De toda forma, o melhor é que os riscos sejam avaliados e documentados. É claro que os tomadores de decisão prefeririam um clima de certeza, mas na impossibilidade, é melhor ter uma avaliação de risco de acordo com as probabilidades de erro, evitando inclusive problemas nos aspectos referentes a responsabilidades legais sobre os dados.

Silvana Phillipi Camboim
Engenheira cartógrafa e diretora da Geoplus - Geotecnologia e Informática Ltda
silvana@geoplus.com.br

(Disponível em: www.mundogeo.com.br)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Ato desnecessário

Foi inoportuna a decisão de transformar em ato oficial no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o lançamento de um livro com o balanço do trabalho da Comissão de Mortos e Desaparecidos, da Secretaria de Direitos Humanos do próprio governo federal.

Saradas as feridas de um período nada edificante da história recente do país, a ninguém interessa esse tipo de iniciativa, potencialmente capaz de produzir tensões e de irritar tecidos sociais ainda sensíveis.

O pior que poderia acontecer, nessa altura da vida nacional, é a reabertura da discussão sobre algozes e vítimas dos porões da ditadura militar. Esta é uma ferida a se deixar cicatrizada.

No final da década de 70 e na de 80, o país soube operar a transição da ditadura para o regime democrático, sem a necessidade de pedradas, tiros e acerto de contas.

Em 1979, a Lei da Anistia cuidou de reparar a maior parte das situações de flagrante injustiça e violações dos direitos humanos cometidas durante os anos de chumbo. Mas alguns setores, com razão, criticam o fato de não se ter tido a mesma preocupação em relação aos militares que foram vítimas de grupos armados de esquerda.

Certamente, é importante lembrar o 28º aniversário da Anistia e a relevância da atuação de 11 anos da Comissão de Mortos e Desaparecidos, criada para apurar detalhadamente o que aconteceu nos vários casos envolvendo presos políticos e vítimas da repressão. Ressalte-se: ela não foi instituída para revanchismos.

A partir desse trabalho, a Comissão recomendou a indenização, pelo governo, de 221 famílias - ação que também não está imune a críticas, por causa de critérios discutíveis usados no cálculo das indenizações.

Seja como for, trata-se de uma atividade minuciosa, que envolve situações melindrosas e feridas dolorosas do passado. A melhor maneira de levá-la à frente é discretamente.

Espera-se, portanto, que seja apenas um equívoco do governo aproveitar o 28º aniversário da Anistia para um ato que, em vez de apaziguar espíritos, fere susceptibilidades, desenterra velhas rixas e reforça a incabível idéia de se atropelar a Lei da Anistia, que foi recíproca.

Em países menos previdentes em relação a fatos de seu passado recente, como a vizinha Argentina, essa volta no tempo tem se mostrado um poderoso fator de desestabilização interna e dificultado a consolidação da ordem democrática, duramente reconquistada. Não é este o futuro que se quer para o Brasil.

(Disponível em http://oglobo.globo.com/)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O Google e o Aerolevantamento

Fotografias aéreas e imagens de satélites estão amplamente disponíveis para visualização na internet pelos programas Google Earth, Microsoft Virtual Earth e NASA World Wind. Esta recente disponibilidade está agitando o setor de geoinformações e trazendo inúmeras conseqüências benéficas a todo o mercado. Quantos de nós, mesmo os já envolvidos com o tema, não se surpreenderam com a facilidade em visualizar a nossa casa e aqueles lugares que antes só víamos em fotografias de viagens e cartões postais?

Embora todas as partes do mundo, quando visitadas, mostrem imagens diurnas e quase sempre na mesma estação do ano, muitos acreditam piamente que elas são coletadas e visualizadas em tempo real e, ainda, que todas são oriundas exclusivamente de satélites. A primeira “crença”, conforme sugestão de um amigo, é muito fácil de desmistificar: peça a alguém ou a seu filho para ir lá fora, acesse o Google Earth e tente localizá-lo. Descobrirá, então, que as imagens definitivamente não são em tempo real, até por que, se fossem, seu filho estaria lá e alguns carros estariam em movimento e não todos parados. Não se surpreenda se você visualizar imagens com dois anos de desatualização, isto é possível. Quanto à segunda “crença”, não é tão simples desmistificá-la, mas acredite, as imagens com melhor qualidade e resolução são as imagens aéreas e não as de satélites, como é o caso das de Nova Iorque, Paris, Tóquio e muitas outras cidades do mundo todo.

Com essa qualidade só podem ser obtidas por sensores aéreos, ou aerotransportados, a uma distância muito mais próxima da terra que a dos atuais satélites em órbita. O Google Earth não informa que tipo de imagem está no monitor e só é possível deduzir se a imagem é aérea ou de satélite a partir das suas características, resolução e nome do seu provedor ou detentor do direito autoral. Em alguns países o Google não foi bem aceito e, após protestos, já admite bloquear o acesso a imagens destes países ou determinadas regiões.

Topografia, aerofotogrametria e imageamento orbital sempre tiveram áreas de superposição de aplicação, ou seja, áreas onde o produto de uma e outra tecnologia pode atender indistintamente às necessidades de determinado usuário. O marketing sempre foi mais forte no imageamento através de satélite, talvez porque é o que mais precise de convencimento técnico. O simples fato de estar associado aos termos “espacial” e “satélite” desperta em quase todos nós natural interesse e simpatia, fazendo-nos lembrar de algum filme de ficção científica e também superestimar o seu potencial.

Topografia e aerofotogrametria, no passado, tiveram áreas de superposição de aplicação e conflito. Hoje todos sabem o que se pode esperar de cada uma destas técnicas. Com os avanços tecnológicos e a permissão do governo americano para que os satélites tenham órbitas mais baixas – cerca de 400 km, e, portanto, possam imagear com maiores resoluções, o imageamento orbital vem a cada dia disputando parte do mercado que antes só era explorado pela aerofotogrametria. Embora muitos desejem que os satélites possam imagear a Terra com resolução equivalente ao aerolevantamento, isto ainda não será possível por muito tempo, pois as imagens aéreas são coletadas em altura de vôo a partir de 500 metros. Quanto menor a distância ou a camada atmosférica entre o sensor e solo melhor será a qualidade da imagem.

Há quem diga que nenhuma imagem de satélite poderá ser melhor que uma imagem aérea. Toda tecnologia de imageamento que é utilizada num satélite é também embarcada numa aeronave, com a vantagem de estar bem mais próxima da superfície terrestre, e também ser passível de melhorias constantes no hardware, o que quase não acontece com satélites depois de lançados. Costumo dizer que as imagens orbitais têm utilizações específicas e muito interessantes, principalmente, quando a imagem já está disponível. Caso contrário, a possibilidade de se mobilizar uma aeronave e, nas condições metereológicas favoráveis, coletar imagens aéreas com melhor resolução, não dependendo da coincidência de tempo favorável e luminosidade na passagem do satélite, acaba sendo a opção mais rápida e barata em muitos casos. O intervalo de tempo entre duas passagens consecutivas do satélite pode ser de vários dias.

A Microsoft, com o Virtual Earth, está buscando uma posição de maior destaque no mercado. Fez vários movimentos, entre eles, adquiriu um importante fabricante de câmaras aéreas digitais a fim de não perder tempo na tentativa de alcançar seu principal concorrente: o Google Earth.

Virtual Earth tem a intenção de disponibilizar modelos virtuais tridimensionais gerados a partir de imagens aéreas com resolução entre 10 e 20 cm, das principais cidades do mundo e muitas outras informações geo-relacionadas. Atualmente é de 60 cm a melhor resolução de uma imagem de satélite, e num futuro próximo será de 40 cm. Já o World Wind da NASA onde também é possível visualizar imagens da lua, embora muito interessante e sofisticado, acabou não “virando moda” como o Google. Pelo menos por aqui...

É ainda muito cedo para se prever qual o real impacto que o Google, Virtual Earth e outros promoverão no mercado, mas, com certeza, a mudança será grande nos próximos anos. Até por que, só recentemente, o usuário comum pôde acessar estas imagens aéreas e de satélite sem nenhum custo e até desenvolver aplicações básicas a partir delas. A grande verdade é que o fenômeno Google Earth e seus concorrentes estão divulgando para o mundo todo dados que antes eram restritos ao setor de geoinformações, além de se tornarem grandes atores e contratantes desta indústria. Que bom para o nosso mercado!

Valther Xavier Aguiar Engenheiro cartógrafo e atua como diretor técnico na Esteio Engenharia e Aerolevantamentos S.A.
valther@esteio.com.br

(Disponível em: www.mundogeo.com.br)

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A integração do GIS à gestão de negócios

O desenvolvimento de um GIS para a área de marketing não é mais exclusividade das empresas de geotecnologia, assim como as ferramentas de festão de negócios também não ficam só nas mãos de administradores. A integração do geoprocessamento com a administração de grandes empresas faz com que engenheiros, geógrafos, analistas de sistemas e gestores, de mundos organizacionais diferentes, falem a mesma língua.

As siglas GIS, GNSS e MDT são familiares para os profissionais de geotecnologia, mas aos poucos também estão sendo incorporadas à área de administração de empresas. Os termos mais usados neste setor são ERP, ou planejamento de recursos da empresa; SCM, ou gerenciamento da cadeia de suprimentos; e Business Intelligence, um pouco mais conhecido no mundo GIS.

O geoprocessamento em grandes empresas usualmente é implantado através de integradoras, tanto da área de geo como da área de Tecnologia da Informação (TI), que fazem com que os grandes sistemas de gestão empresarial “conversem” com os softwares de manipulação de dados geoespaciais.

Os setores que mais utilizam a integração entre sistemas de gestão e geoprocessamento são os de energia, saneamento, telecom, óleo e gás, logística, bancário, serviços públicos, agronegócio, comércio, entre outros que precisam levar em conta a variável geográfica para a tomada de decisões.

SOA

Atualmente, o termo da moda nos sistemas de gestão é SOA, ou arquitetura orientada a serviços, que é o modo mais simples de fazer a integração entre softwares de diferentes áreas. A estrutura funciona da seguinte forma: o software de gestão expede um pedido para o software de geo, que executa um serviço e entrega uma resposta, e vice-versa. Tudo isso baseado em linguagens simples como por exemplo XML, um padrão de descrições de páginas web.

Através da SOA, praticamente todos os sistemas presentes na administração de uma empresa podem ser integrados. Existem outras opções mais complexas, como por exemplo a definição de módulos que fazem a integração, porém uma pesquisa feita no início do ano mostrou que 89% dos executivos das grandes empresas têm intenção de usar SOA.

Sistemas de gestão

As maiores empresas de suporte à gestão do mundo são a alemã SAP, com 42% do mercado, e a norte-americana Oracle, com 20%, porém esta diferença vem diminuindo. A troca de farpas entre as gigantes tem sido uma constante nos últimos tempos.

A SAP fatura 1 bilhão de dólares por ano na área de pequenas e médias empresas, e deverá investir 40 milhões de dólares na construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento no Brasil com o objetivo de ampliar sua unidade de engenharia de software.

Entre os sistemas da empresa destacam-se o SAP ERP, que transforma a gestão do negócio em um ambiente colaborativo em tempo real; o SAP SCM, que faz a gestão de cadeia de suprimentos; e o SAP NetWeaver, que é a plataforma para SOA.

Principal concorrente, alguns pontos atrás da SAP, a Oracle dispõe de soluções nas áreas de ERP, CM e Business Intelligence. Também no mês de março aconteceu em São Paulo o Oracle OpenWorld Latin America 2007, com apresentações sobre SOA, parcerias com universidades, programas de cooperação tecnológica, soluções ERP para pequenas e médias empresas, gestão pública, etc...

Com o banco de dados Oracle Spatial pode-se fazer cadastro geográfico de clientes, ocorrências, pontos comerciais, etc.. O sistema pode ser online, voltado para os tomadores de decisão numa intranet, ou para o usuário, na internet. Como a Oracle faz parte do OpenGIS, qualquer aplicação GIS ou ferramenta que busca mapas consegue acessar os dados.

A integração de GIS à gestão de negócios é uma tendência no exterior, principalmente nos EUA e na Europa. Apesar de no Brasil ainda estar no começo, é um campo fértil para empresas que estão indo nessa direção.

Particularmente no Brasil e na América Latina, a líder no segmento de suporte à gestão para pequenas e médias empresas é a Totvs, que após a união da Microsiga, Logocenter e RM Sistemas passou a ter 24% do mercado, um ponto a mais que a SAP. A empresa atua no desenvolvimento e comercialização de softwares de administração empresarial e na prestação de serviços nas áreas de ERP, SCM e BI.

Integradoras

A ferramenta integradora não se dispõe a implantar um software de GIS. O integrador geralmente trabalha com qualquer software que o cliente utilize, ou eventualmente pode sugerir a melhor solução dependendo da necessidade, com o objetivo de homogeneizar os sistemas da empresa.

Trilhando o caminho da TI para o GIS está a Braxis, parceira da SAP, Oracle e Microsoft. A Braxis vem do mundo SAP, mas após a compra da Unitech passou a ser uma empresa multi-plataforma. A empresa tem o objetivo de ser uma alternativa à Índia e à China na área de TI, com as vantagens de estar em um país democrático, politicamente estável e com um horário mais compatível com EUA e União Européia. Entre as soluções da empresa destaca-se o Braxis GIS, que leva o potencial do geoprocessamento para o SAP, e foi apresentado por Luiz Carlos Strazzacappa no SAP Fórum. O controle de processos no mySAP ERP, diretamente de um ambiente georreferenciado, foi demonstrado na palestra “Solução Braxis GIS orienta o mySAP ERP”. Os sistemas da Braxis conversam com todos os softwares de GIS, e atualmente também rodam com OpenGIS. Segundo Strazzacappa, o geo deve se expandir para a área de TI, porém a TI ainda desconhece tudo que o GIS pode fazer.

Com atuação em vários países do mundo nas áreas de utilities e infra-estrutura, a Soluziona usa o sistema Open SGD para o gerenciamento de redes, através da integração de diagramas unifilares, cálculos elétricos, plotagem de mapas e geoprocessamento.

Pioneira no uso de SAP no Brasil, a Atos Origin trabalha na área de consultoria, fábrica de softwares, etc.. Cezar Bertolino Neto, gerente de soluções e consultoria; e Suzana Campos, gerente de sistemas de integração, deram uma entrevista à InfoGEO sobre a integração de SAP e GIS. Segundo eles, a integração de sistemas tem o objetivo de prover soluções completas, e uma das alternativas é o uso de GIS. O processo de trabalho tem as seguintes etapas: visitar o cliente, entender o que ele precisa e eventualmente usar um GIS. A Atos Origin está investindo neste segmento por acreditar que o geoprocessamento tem um grande potencial. Além disso, o mercado carece de soluções específicas, como por exemplo GIS e SAP, que oferecem soluções adicionais e homogêneas.

Várias outras empresas de TI, como a Neoris, também fazem a integração de SAP com sistemas de informação geográfica. A Neoris tem soluções de integração de sistemas, gestão do conhecimento e Business Inteligence. Especificamente na área de logística, a empresa faz o controle do produto por meio de sistemas GNSS, rádio freqüência (RFID), códigos de barras, entre outros métodos que suportam a decisão em tempo real.


Investir de forma correta

A integração de GIS com a administração das empresas provê uma solução técnico-econômica. Sistemas como SAP e Oracle fazem a gestão financeira e o GIS entra com a parte técnica. Tudo isso com um único objetivo: investir o dinheiro de forma correta.
Cabe aos técnicos, tanto das empresas de geomática como de TI, fazer com que os altos executivos das grandes corporações entendam que o geoprocessamento é algo que, efetivamente, faz com quea empresa ganhe mais dinheiro.
Eduardo de Freitas Oliveira

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Tecnologia do Sipam Vai Ajudar no Combate à Malária

As ações do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária (PNCM), projeto liderado pelo Ministério da Saúde, serão aperfeiçoadas, com apoio do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).

Em reunião realizada no dia 31 de julho passado, em Brasília, transmitida a Porto Velho (RO) por meio de videoconferência, ficou estabelecido que o Censipam irá coordenar duas linhas de ação no combate à doença.

Uma das medidas será oferecer capacitação a técnicos que atuam em Rondônia no uso de tecnologias de manuseio de banco de dados, tornando as informações captadas em pesquisas de campo em dados georreferenciados.

Além disso, o Censipam irá utilizar sua equipe e tecnologia para analisar dados sobre a malária e transformar tais informações em mapas que permitirão ao Ministério da Saúde e outros órgãos federais, estaduais e municipais a executar com máxima exatidão as ações no combate à doença.
Segundo explica Wougran Galvão, assessor do Gabinete da Diretoria do Censipam, antes do final de 2007 técnicos de Rondônia serão submetidos a atividades de capacitação.
O treinamento envolverá as áreas de cartografia digital, análise de dados de sensoriamento remoto e no software livre TerraView, que é um sistema de informações geográficas.


"O Censipam vai prestar apoio nos setores de assessoria técnica e geológica", informa Galvão. Dentro de 30 dias sra estabelecido um plano de trabalho entre as diversas instituições envolvidas no projeto, definindo as atribuições de cada organização na nova atividade do PNCM.

A reunião realizada nesta terça-feira contou com a presença de quase 30 pessoas, em Brasília e Porto Velho.

A Amazônia Legal concentra 99,5% dos casos de malária registrados em todo o Brasil, conforme informações do Ministério da Saúde.

Para diminuir a incidência dos casos de malária e os danos causados por ela, o Programa Nacional de Controle da Malária (PNCM) firmou uma estratégia em que o diagnóstico precoce e o tratamento imediato aparecem como prioridade, reduzindo os prejuízos para a população.

O programa também se preocupa com as intervenções para controle do vetor, a detecção imediata de epidemias e um maior envolvimento do nível estadual e municipal para execução das medidas de controle da doença.

A malária é uma doença potencialmente grave causada por parasitas (protozoários do gênero Plasmodium) que são transmitidas de uma pessoa para outra por meio da picada de mosquitos do gênero Anopheles. Não há vacinas contra a malária. O diagnóstico precoce é extremamente importante para o tratamento da doença, permitindo a administração correta dos medicamentos indicados.

(Disponível em: www.fatorgis.com.br)

INPE prevê lançamento de 11 satélites até 2020

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prevê lançar 11 satélites de 2008 a 2020 para dar respostas rápidas de ação ao País em decorrência das mudanças climáticas futuras. Este é um dos nove objetivos previstos no primeiro Plano Diretor para o período 2007-2011 da entidade, anunciado oficialmente em comemoração ao aniversário de 46 anos do Inpe, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
O coordenador de Planejamento Estratégico e Avaliação do Inpe, cientista Décio Castilho Ceballos, disse que a iniciativa de formalizar o Plano Diretor, com base num planejamento estratégico para até 2020, ajudará não apenas a estipular objetivos e metas para enfrentar os cenários futuros, mas também garantir, junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia, as verbas necessárias no Plano Pluri Anual (PPA) 2007-2011. Nele, o Instituto negocia um aumento de verbas globais para o Inpe de cerca de 42%, passando de R$ 140 milhões anuais para R$ 200 milhões. "Apenas para cumprir o planejamento estratégico, precisamos aumentar as verbas para lançamento e desenvolvimento de satélites dos atuais R$ 100 milhões anuais para R$ 150 milhões", explica Ceballos.
O Inpe já desenvolveu, sozinho ou em parceria com outros países, seis satélites, dos quais dois continuam em funcionamento, que são o CBERS-2 e o Satélite de Coleta de Dados-2 (SCD-2). O primeiro, feito em cooperação com a China, possui sensores para captar mudanças ambientais; o segundo serve como retransmissor de plataformas de coletas de dados ambientais em território nacional, que auxiliam na previsão de tempo e clima. Para setembro está previsto o lançamento do CBERS-2B.
"A partir de 2009, será pelo menos um satélite por ano, como, por exemplo o Amazônia, desenvolvido aqui no Inpe que vai monitorar queimadas na Amazônia; o MAP Sar em 2013, um satélite de sensoriamento remoto com tecnologia de radar; o GPM em 2014, que medirá precipitações globais de chuva, entre outros", enumera.
Contratações
Para Ceballos, o principal foco nos próximos 20 anos nessa área será aprimorar sua aplicação na agricultura e meio ambiente. "Continuamos lutando para dominar a tecnologia, mas o nosso foco principal será a aplicação do equipamento, o grau de impacto social e de benefícios que eles podem trazer à sociedade", explica.
Como foi informado há duas semanas, o planejamento estratégico também indica a necessidade da contratação de 200 pesquisadores, engenheiros e técnicos para a criação de uma nova área de pesquisa chamada de "ciência do sistema terrestre e mudanças climáticas" e a compra de um novo supercomputador, avaliado em até R$ 70 milhões, para que os cientistas brasileiros tenham autonomia dos centros de pesquisas internacionais para prever o real impacto do aquecimento global e seus efeitos no Brasil.
(Disponível em: www.fatorgis.com.br)

Hackers mostram que podem burlar sistemas de navegação na Europa

Assim como computadores, PDAs e até mesmo celulares, sistemas de navegação para carros também podem ser "haqueados" remotamente, permitindo o envio de informações erradas para os equipamentos.

Os pesquisadores italianos Andrea Barisani e Daniele Bianco, do site Inverse Path, demonstraram na semana passada como antenas podem ser usadas para enviar informações falsas para sistemas de navegação.

A ferramenta funciona em sistemas SatNav, baseados em ondas de rádio e que são muito comuns na Europa e aos poucos está entrando na América do Norte. Enquanto sistemas de navegação tradicionais mostram rotas usando mapas guardados na memória, este sistema recebe atualizações constantes sobre o tráfego e condições climáticas e permite calcular novas rotas.

A informação atualizada é enviada em código de computador, baseada em freqüências de rádio FM, a uma distância de até 16 quilômetros, porém os hackers podem trocar os dados legítimos sobre tráfego por dados falsos.

Segundo os especialistas, a solução é similar à usada em computadores pessoais: anti-vírus, sempre atualizado.

(Disponível em: www.mundogeo.com.br)

terça-feira, 31 de julho de 2007

EUA e União Européia anunciam sinal comum para GPS e Galileo

Estados Unidos e União Européia anunciaram o projeto final do sinal comum para os sistemas GPS e Galileo. Fruto de uma cooperação assinada em julho de 2004, o acordo prevê a compatibilidade e interoperabilidade entre os sistemas através de sinais civis otimizados, que vão proteger interesses comuns de segurança. Os sinais resultantes GPS L1C e Galileo L1F foram melhorados por um grupo de trabalho, para que os futuros equipamentos possam rastrear simultaneamente os sinais do sistema americano e do europeu, com maior precisão e com a minimização dos efeitos indesejados como multicaminho dos sinais, ruídos e interferências. Este acordo é um grande passo para que se alcance a interoperabilidade entre os diversos Sistemas Globais de Navegação por Satélites (GNSS) que deverão estar em operação nos próximos anos. Além do GPS (em operação) e do Galileo (em construção), já está operante o russo Glonass e em breve a China também deverá implantar o seu próprio sistema, o Compass. +Informações http://ec.europa.eu/dgs/energy_transport/galileo, www.galileoic.org/la.

(Disponível em: www.mundogeo.com.br)

Google Compra Empresa de Imagens Aéreas

O Google anunciou através do blog Lat Long a compra da ImageAmerica, fabricante de câmeras de alta resolução. As câmeras da ImageAmerica são utilizadas, sobretudo, para captar imagens aéreas usadas para produzir mapas e fazer análises de áreas geográficas. Segundo o Google, os equipamentos e tecnologias da ImageAmerica vão integrar a divisão de mapas da empresa e devem incrementar sobremaneira as imagens exibidas no Google Earth. A ImageAmerica já colaborava com o Google, para quem forneceu imagens atualizadas periodicamente sobre os efeitos do furacão Katrina sobre a região de Nova Orleans. Não foram revelados pormenores sobre o negócio, segundo o noticiado no site Cnet.

(Disponível em: www.fatorgis.com.br)

Geokosmos mapeia ferrovias francesas com laser scanning

A empresa russa Geokosmos finalizou com sucesso o levantamento das ferrovias nacionais francesas com a tecnologia Lidar. Com o uso combinado de laser scanning aerotransportado e aerofotogrametria digital, a Geokosmos mapeou a malha ferroviária para a produção de mapas topográficos digitais (escala 1:500) e ortofotos digitais (GSD 5 cm). A combinação das duas técnicas de mapeamento resultou em uma alta densidade de pontos (aproximadamente 7 por metro quadrado). A precisão alti-planimétrica alcançada chegou a 5 centímetros.
(Disponível em: www.mundogeo.com.br)






segunda-feira, 9 de julho de 2007

Mudança do Referencial Geodésico

As Instruções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Nacional foram atualizadas dentro do Projeto Mudança do Referencial Geodésico - PMRG, desenvolvido pelo IBGE desde 2005.

Os referenciais planimétrico e altimétrico para a Cartografia Brasileira são aqueles que definem o Sistema Geodésico Brasileiro - SGB, conforme estabelecido pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em suas especificações e normas. De acordo com o projeto, o IBGE estabelece o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em sua realização do ano de 2000 (SIRGAS2000), como novo sistema de referência geodésico para o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) e para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN). Há um período de transição, a partir de 2005 e não superior a dez anos, onde o SIRGAS2000 pode ser utilizado em concomitância com o SAD69 para o SGB e com o SAD69 e Córrego Alegre para o SCN.

A íntegra do Decreto e da Resolução do Rio de Janeiro, sobre a mudança do referencial, encontram-se disponíveis
aqui. Em breve, será divulgada uma Norma de Serviço do Diretor de Geociências do IBGE onde serão detalhadas informações sobre a adoção do sistema, ajustamento e recomendações de uso, entre outras.

A nova versão do Banco de Dados Geodésicos, agora com acesso muito mais amigável e com coordenadas nos sistemas SAD69 e SIRGAS2000 e o novo Modelo de Ondulação Geoidal, também nos dois sistemas, já estão disponíveis na página da Geodésia do IBGE.

Clique aqui e tenha acesso às apresentações do II Seminário sobre Referencial Geocêntrico no Brasil.

(Disponível em: www.ibge.gov.br)

Veículo de Sondagem Booster-30 (VSB-30)

O Brasil realiza, em julho de 2007, mais uma missão científica com foguetes de sondagem, batizada de Operação Cumã II. A ação consiste no lançamento do foguete brasileiro VSB-30 e na realização de nove experimentos - a maioria do Programa Microgravidade, da Agência Espacial Brasileira (AEB). Essa ação marca a continuidade dos vôos no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) que, desde 2004 - quando houve um vôo de qualificação do VSB-30 -, não realiza lançamentos de veículos de sondagem.

As atividades, que acontecem durante uma campanha, abrangem desde a integração do foguete, ou seja, a sua montagem, até a fase final de resgate no mar. Normalmente, esse intervalo fica em torno de 15 a 21 dias. Nessa operação, mais 200 técnicos e cientistas brasileiros e alemães trabalham para o sucesso da missão. Estão envolvidos nessa operação: a AEB, o Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/CTA), o CLA, o Centro de Lançamento Barreira do Inferno (CLBI) e, ainda, a Agência Espacial Alemã (DLR).

O nome Cumã - originado de uma fruta nativa -, foi dado as duas missões científicas brasileiras em homenagem a baía de Alcântara (MA), região do lançamento.
(Disponível em: www.aeb.gov.br)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

EarthData assina contrato de mapeamento por radar na América do Sul

A EarthData International, que faz parte do grupo Fugro, firmou um contrato de 5,9 milhões de dólares para o mapeamento aéreo de partes da América do Sul. Ainda não foi feito o anúncio de quais países serão mapeados.

Conforme o contrato, a EarthData vai usar o sistema de mapeamento por radar GeoSAR para produzir imagens de alta resolução e cartas do terreno, com o objetivo de dar suporte a atividades de gestão territorial nos países sulamericanos.

A aquisição de dados começará este mês. Antes do mapeamento na América do Sul, a empresa executou projetos com o uso da tecnologia GeoSAR em Papua Nova Guiné e em países da Ásia.

SAR

O Radar de Abertura Sintética (SAR na sigla em inglês) opera na região de microondas. Os imageadores SAR são de particular interesse pela sua capacidade de aquisição de dados independentemente das condições atmosféricas e penetração para além da camada superficial da cobertura vegetal.

+Informações www.earthdata.com
(Disponível em: www.analisedeimagens.net)

Egnos melhora a precisão dos sinais GPS na África e em Madagascar

A Agência Espacial Européia (ESA) e a Agência de Segurança e Navegação Aérea na África e Madagascar assinaram um acordo de cooperação, na semana passada, com o objetivo de usar a navegação por satélites para melhorar a segurança no tráfego aéreo no continente africano.
O acordo tem como foco principal o desenvolvimento dos Sistemas Globais de Navegação por Satélites (GNSS) na África, em especial o uso do serviço Egnos.
Composto de uma rede de elementos distribuídos na Europa para gravar, corrigir e melhorar os dados da rede GPS, o Egnos provê sinais modificados por satélites geoestacionários para os receptores dos usuários. O sistema oferece uma precisão melhor do que dois metros, comparada aos 15 a 20 metros dos sinais GPS.
Assim que os satélties geoestacionários cubram a África assim como cobrem a Europa, uma extensão do Egnos poderá ser implantada com a instalação de estações de referência em solo africano.

(Disponível em: www.analisedeimagens.net)

POLÍTICA E PESCARIA: AS CORES DE UMA NAÇÃO

Ivan Carlos
Nunca fui político, no sentido “profissional” da palavra. Politizado creio que todos deveríamos ser. Mas sem aquelas paixões cegas, que nos impedem de ver o mal que nos causa uma tomada de posição arbitrária.

Nosso “hermano” venezuelano Hugo Chaves chegou à presidência de seu país pela via democrática, após tentar de outras formas, sem êxito. Aos poucos, como estamos acompanhando nos noticiários diários, está acabando com a forma de governo que o pôs na posição em que está. E para quê? Para se perpetuar no poder de um país rico em petróleo e pobre nas ruas. E quanto mais pobre melhor, pois a ignorância – infelizmente – acompanha a renda e, sem cultura, a maioria do povo não consegue distinguir o bom do mau governante. Aliás, consegue sim: o bom passa a ser aquele que dá o peixe; o mau, aquele que tenta ensinar a pescar. Trabalhar para quê, então? Estudar para quê?

De qualquer forma, jamais podemos generalizar um povo por uma parcela deste. Nem que seja a maioria! Existe uma classe venezuelana inteligente, trabalhadora e preocupada com o futuro (sombrio) do país. A estes devemos nosso respeito e admiração, por não abandonar a esperança, o sonho, nem a vontade de ver sua pátria nos trilhos novamente, buscando rumos menos populistas e segregadores, e mais democráticos, com menos pobreza para o próprio povo. Povo este que não entende, não discerne, que apóia o mau político...

Agora, e o Brasil? Será que difere tanto assim?

Nosso país possui inúmeros problemas e, pela sua continentalidade, ENORMES. Não pretendo discorrer sobre tamanhos desafios (saúde, educação, segurança, etc...), mas sobre uma característica em particular.

Desde quando os portugueses aqui chegaram, ao contrário do MUNDO TODO, nossos colonizadores se miscigenaram com os habitantes locais (os índios) e com os negros escravos. Somos, portanto, um povo mestiço, sem cor predominante, a não ser aquele moreno bronzeado de sol... E o que dizer da gaúcha, descendente de uma mistura de alemães com italianos? E nossos simpáticos e animados baianos, com tão forte presença negra no estado?

Possuímos raça sim, a humana. Cor? Decorrente da miscigenação. Quando abolimos a escravatura em terras brasilis, sem uma política governamental de apoio e suporte para sua inserção na economia existente de então, os condenamos à pobreza e miséria por gerações. Hoje nossa periferia (em qualquer grande cidade) traz reflexos de quase 120 anos de exclusão social. São pobres sim, de diversas cores de pele.

A cota para negros DECRETADA pelo governo federal, numa atitude arbitrária e nada democrática, vai acabar por criar e incentivar um racismo que não existe. Nunca, em nosso país, se viu uma Ku Klux Kan. Nunca, em nosso país, se viu um regime de apartheid. Nunca, em nosso país, se viu uma Secretaria Federal em que só trabalham negros (que, em teoria, não discriminariam ninguém). Nunca, em nosso país, se viu pichar Universidades ofendendo negros.

Agora eu pergunto: o negro é menos capaz de disputar uma vaga em um curso superior porque é negro ou porque, como pobre, não teve condições de estudar em uma escola que o prepararia melhor para um concurso? E o branco pobre? Por que ele está sendo discriminado dessa cota “justa”?

Onde está a democracia, então, em que a minoria não é ouvida nem levada a sério? O que estamos fazendo com a mente de nossos jovens, fazendo-os acreditar que os negros, coitadinhos..., não tem capacidade de estudar e passar em um vestibular como os outros? COMO É QUE ALGUÉM CONSEGUE DEFENDER UMA IDÉIA COMO ESTA?

Não preciso ser político para compreender que uma lei pode ser absurda. Como parte do povo, tenho a obrigação de observar os governantes que elegi e reprová-los, caso tomem alguma medida que prejudique meu país. E a educação é o alicerce de qualquer nação que planeja (e não apenas sonha) desenvolver-se.

Por fim, não gostaria de ver outros países sul americanos (ou do mundo) fazendo chacota com o Brasil, como a que se faz com a Venezuela.

Façamos o que é o correto. Não devemos dar o peixe para nossos jovens entrarem em uma Universidade. Temos que ensinar a pescar, seja a negros, brancos, morenos, orientais, mulatos...